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Crítica: The Walking Dead – 6ª Temporada

Foto do escritor: Raul SilvaRaul Silva

“O mundo é nosso. E nós sabemos o que fazer.”

Partindo dessa frase de Rick, é possível definir essa temporada que acabou no domingo, dia 03 de abril. Mas essa série merece ser bem mais e melhor esplanada, pois ela representa, nos últimos anos, o que há de bom e ruim ao mesmo tempo de um programa feito para a televisão.


Partindo de que é mais uma das adaptações de histórias em quadrinhos que foi para tv. The WalkingDead (TWD) pode ser considerada a mais rentável série dos últimos anos, no sentido financeiro e de gosto dos milhares de fãs que tem e que continua adquirindo.

Podemos dividir essa crítica em duas partes: a primeira passada em 2015 e a segunda retornada em 2016. A primeira parte nos trouxe uma das novidades da sexta temporada. A mudança de tema principal. TWD antes era uma série de sobrevivência nômade. Acompanhávamos a enorme trajetória dos personagens principais, A Família Grimes, pelas estradas dos Estados Unidos. Sem nenhum lugar fixo para ficarem.

A cada temporada passavam por vários lugares, conhecendo outros personagens, adquirindo novos integrantes, ganhando novos inimigos. Era a sobrevivência sem uma base ou refúgio seguro. A prisão da terceira temporada foi o mais próximo que chegaram disso, mas foi destruída pelo Governador. Então a busca por esse lugar era o grande almejo da Família Grimes ao longo das outras temporadas até encontrarem Alexandria, na quinta.

Foi nesse contexto que o tema da série mudou. A Família Grimes agora tinha esse refúgio e passaria a defendê-lo a qualquer custo, principalmente agora que o líder da família, Rick Grimes (Andrew Lincoln), tinha assumido a cidadela.

Com isso a primeira ameaça mostrada foi uma horda de zumbis que estava bem próxima da cidadela e, para defendê-la, eles tinham que expulsá-los para bem longe, pois, pela quantidade de walkers, como são chamados, não conseguiriam destruí-los. Então foi bolado um plano e reunido alguns integrantes para executá-lo. Esses primeiros episódios foram feitos para execução desse plano, no entanto houve algumas reviravoltas que deixaram muito a desejar.

SPOILER ALERT!!!

A principal delas: o mistério da “morte” de Glenn (Steven Yeun). Já nos primeiros capítulos, vimos um dos personagens mais queridos dos fãs, morrer de forma trágica, ou melhor, estúpida.

A cena chocou a todos e a tristeza tomaria de conta de quem assistiu a série a partir desse episódio. A morte em si e o choque dela não é nenhuma novidade nem uma coisa ruim para o formato do seriado, pelo contrário, são as mortes dos personagens que dão o up necessário para continuar a história e prender os telespectadores.

No entanto, isso acabou não dando muito certo dessa vez. Não houve nenhuma conclusão sobre a morte de Glenn. Os episódios que se seguiram deram margens ao que estava acontecendo com os outros personagens, noutras partes da execução do plano, mas nada da confirmação. Ficou aquela pergunta no ar: Será que ele morreu mesmo?

O mistério em torno da “morte” de Glenn segurou os telespectadores nessa primeira parte, porém, a medida que seguiram os episódios, esse mistério se tornava uma angústia sem fim, e eles acabaram estendendo uma história que não deveria e deixando o mistério cansativo e insignificante, pois dadas as circunstâncias com que o personagem fora visto em seus “momentos finais”, (ainda por cima os produtores brincaram tirando o nome do ator dos créditos de abertura da série), todos os que assistiam já o considerava morto. Isso foi levado até o final da primeira metade do seriado para então, descobrirmos que ele, milagrosamente, conseguira sobreviver; que o plano de Rick não daria certo desde o início de sua execução e que havia outra ameaça muito maior a todos e Alexandria, os Wolves.

Tudo isso foi jogado para os telespectadores nos dois episódios que finalizaria a mid season finale, e ainda por cima, não foi tudo terminado, ficando a conclusão para quando a série voltasse nesse ano de 2016. Esse não foi um mistério tão bom, quanto o da morte de Sophia na segunda temporada. Os produtores quiseram repetir a dose, mas dessa vez não foi bem recebida pelo público, em especial por que o rumo que os outros episódios seguiram, não prendeu atenção como deveria: fazendo os telespectadores esquecerem de vez o personagem “morto”.

O saldo seria positivo se ele aparecesse logo, morto ou vivo, mesmo sem retornar nos outros episódios, para que assim os que assistiam a série seguissem em frente e começassem a se preocupar com os outros do grupo que também corriam perigo.

Na segunda metade, recomeçada no dia 14 de fevereiro, veio com, minha opinião, um dos episódios mais empolgantes de toda a vida do seriado até esse ano. Continuando a queda de Alexandria, com os sobreviventes tendo que passar no meio de uma horda de zumbis, vestidos de restos e carne putrefata de várias dessas criaturas, nós, telespectadores estávamos ansiosos para saber o resultado e esperar logo quem não iria conseguir sobreviver ali.

Com muito terror e suspense, o episódio seguiu mostrando que novamente o plano de Rick não dera certo, o que trouxera mortes violentas entre eles. Este deixou os fãs renovados depois da malfadada primeira parte. Com um fim impressionante, mostrando os humanos numa luta frente a frente com os zumbis, servido de muita raiva e sangue escrachado na tela e na atuação dos atores. Os próprios moradores de Alexandria lutaram até o limite para retomar a cidadela de volta. Nada de planos dessa vez, foi no improviso, misturado na raiva e na força bruta. Retomada a cidadela, derem inicio ao processo de reconstrução, tanto dos muros caídos, quanto dos próprios moradores. Mas daí surgiu a entrada de novos inimigos, Os Salvadores.

Estes já haviam aparecido na primeira parte e ameaçado três integrantes da Familia Grimes. No entanto, não foram bem sucedidos, pois Daryl (Norman Reedus) realizou o salvamento mais mirabolante da série até agora. No entanto, Os Salvadores eram bem mais que aqueles. E foram aparecendo, ameaçando os alexandrinos a cada episódio. O grupo de Rick ganhou confiança suficiente para querer enfrentá-los. Até proteger outra cidadela, Hilltop, por interesses próprios é claro, o grupo encarou. Vemos disso tudo à evolução que os personagens tiveram, tornando-se esse o maior trunfo dessa temporada. A Familia Grimes é, agora, uma família de exímios assassinos. Tomaram para si o título de lutadores natos. E que defenderiam tudo e todos quem eram importantes a qualquer custo. Não permitiriam que sofressem outro ataque baixo como o dos Wolves em Alexandria. Quem for inimigo deve morrer a partir de agora.Dessa mudança foram construídas várias evoluções pessoais – vide a ótima Carol (Melissa Mcbride), a brava Maggie(Lauren Cohan) que se tornou uma espécie de” líder política” do grupo e ainda há aqueles que não concordam com essa mudança –  vide Morgan (Lennie James).

“É tudo um círculo. Tudo tem um retorno.”

São essas palavras de Morgan que concluí o que houve nessa temporada. Enquanto a Família Grimes pensava que estava ganhando, ou ao menos, conseguindo algo concreto, na verdade essa mudança serviu também para desconstruir o grupo.Alguns deles tiveram reações bem diferentes de como é necessário encarar a vida a partir dali. E quando um grupo se desconstrói, o inimigo se aproveita para sair acabando com eles de flanco em flanco até por fim a todos.

Os Salvadores se mostraram inimigos bem elevados, e esperaram para fazer a vingança perfeita contra o grupo de Rick. Muitos Salvadores morreram. Agora era a vez dos alexandrinos pagarem por isso. Uma das maiores expectativa dessa temporada seria a introdução de um dos maiores vilões das HQs de TWD, Negan. Até então, o líder dos Salvadores era só um nome mencionado, uma sombra tenebrosa, que sempre causava calafrios, que veio finalmente dar as caras no episódio final, numa entrada majestosa e duma interpretação igualmente tanto feita por Jeffrey Dean Morgan.

No entanto, o final da temporada foi um dos piores até então quando tinha tudo para ser o contrário. Depois de tanto suspense e a certeza de quem assistia que não iria acabar nada bem para Rick e seus companheiros, os produtores brincaram novamente com os telespectadores e terminaram a série num ato de covardia das maiores, deixando uma incógnita ainda maior do que as do começo. Afinal, quem Negan, empunhado de sua arma e amiga Lucille, matou?

TWD não deveria ter acabado assim. É uma forma antiga de prender a audiência, que em nada contribui de conteúdo para a série. Não houve conclusão mais uma vez, e, consequentemente, não houve conforto para os fãs. Aconteceram muitas novidades, houve mudanças boas aos temas principais do seriado e, sem sombra de dúvidas, a entrada de um grande vilão é sempre muito bem vinda para qualquer tipo de história. A forma de prender os telespectadores é que não funcionou, não a essa altura eu diria, numa sexta temporada.

Os mistérios de TWD podem já mudar de rumo e trazer consigo algo que vá realmente contribuir para a evolução num todo da série. Um programa com episódios compridos, banais e ainda por cima, sem conclusão pode um dia chegar a abusar até os maiores dos fãs, pois, não esqueçam os produtores do seriado, as HQs de TWD não acabaram e estes podem muito bem continuar a história da Família Grimes por aí e até levando aqueles que só a conhecem pela televisão. Principalmente hoje que as HQs estão tão em alta.

Em suma, TWD ainda é uma ótima série. Contendo de tudo para formar uma boa história como: ação, drama, suspense e terror. Seu forte maior está nos seus personagens tão bem construídos e carismáticos, sempre arrancando suspiros e surpresas do público. Contanto que haja mais episódios com bons roteiros, a sétima temporada que virá será tão mais aguardada do que qualquer outra até agora, pois bases fantásticas para serem trabalhadas, agora os produtores têm. Vamos continuar vendo a queda de Rick e seu povo e esperar a ascensão deles novamente.

Recomendado!

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