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O Chamado do Cuco – Robert Galbraith

Foto do escritor: Raul SilvaRaul Silva

Ler O Chamado do Cuco foi uma experiência impactante e complexa ao mesmo tempo, na minha opinião. O livro é um tanto parado, sem a ação que geralmente busco nos livros que leio. A cena da queda de Lula Landry é de fato uma das mais chocantes e agitadas. Mas isso é completamente compensado pelo mistério, a investigação, o suspense e, evidentemente, a sensação de imersão que sentimos, é como se realmente estivéssemos em Londres, a descrição da cidade e dos lugares é tamanha que quase como assistir a um filme.


A história depois da morte da modelo dá uma tremenda parada, contudo os acontecimentos que se seguem fazem com que o leitor fique extremamente curioso com o desenrolar da história. Uma história que, diga-se de passagem, foi muito bem elaborada e enredada. Pois não se detém apenas nos fatos obscuros que cercam a morte de Landry, mas também foca em suas personagens de uma forma bastante peculiar, pois no fim até mesmo alguns dos problemas pessoais do inteligente e astuto Cormoran Strike o ajudam a solucionar um caso, que todas as evidencias apontavam ser insolúvel.

Afinal, a personagem “Strike” nada seria sem seus próprios problemas do passado: Uma infância difícil ao lado da irmã mais nova, com uma mãe viciada e um pai ausente. Sem falar é claro de Charlotte a mulher que atormenta o seu inconsciente e pela qual ele é perdidamente apaixonado e, é claro, a guerra do Afeganistão que lhe levou uma perna deixando-o manco, com uma prótese e sem emprego. Entretanto tudo isso acaba contribuindo para que ele seja uma personagem completa e muito atrativa ao leitor.

Além de Strike temos sua esperta assistente Robin, em minha opinião uma versão mais jovem da própria J. K. Rowling dentro da história, tal qual Hermione era de certo modo uma versão da escritora na época da escola. Robin consegue cativar o leitor logo na sua primeira aparição embora ainda o faça se questionar quanto a sua real importância dentro da história. Questionamentos esses que logo são sanados quando ela demonstra ser uma peça chave para que Strike solucione o caso.

Em contrapartida ainda temos Lula Landry, que da mesma forma que Barry Fairbrother, em Morte Súbita, é uma personagem ausente, morta, porém bastante viva ao longo da história, algo que não costumamos ver em outros livros do gênero que, em alguns casos além de não focarem nas personagens principais, se preocupam mais em solucionar casos frios e vazios. No Chamado do Cuco Landry, apesar de morta, é o centro das atenções (claro afinal o caso gira em torno dela), o que quero dizer é que ela não é tratada apenas como a vítima, mas também como uma pessoa, alguém que era importante de fato. Conseguimos mergulhar na mente da modelo de tal forma que somos, em alguns momentos cativados por ela e em outros temos certas dúvidas quanto a sua conduta.

Em meio a tudo isso ainda temos o irmão de Lula, Bristow. Alguém acima de qualquer suspeita que busca justiça pela morte da irmã e que não acredita de forma alguma que ela tenha se matado. Um filho amoroso e dedicado que cuida da mãe com câncer em estágio terminal e sofre bastante pressão do tio Tony que o tem como louco e que irá tentar de todas as formas impedir a investigação de Strike e Robin.

Para aqueles que já leram posso dizer que o final é surpreendente e acredito que irão concordar comigo que um filme passa pela nossa cabeça quando Cormoran desvenda este caso e que Galbraith (J. K. Rowling) não fica atrás dos grandes Sir Arthur Conan Doyle e Agatha Christie. Para os que ainda não leram fica a dica: Nem tudo é o que parece ser! Para encerrar só posso dizer que mais uma vez Rowling/Galbraith conseguiu me surpreender.

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