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Vozes Resgatadas: No Dia da Mulher, Podcast Revela as Escritoras que o Brasil Apagou

Foto do escritor: Raul SilvaRaul Silva

Episódio especial do "Teoria Literária" expõe o apagamento histórico de mulheres na literatura nacional e celebra Maria Firmina, Júlia Lopes, Carolina de Jesus e outras autoras geniais que desafiaram o silêncio.


Texto: Equipe Radar Literário | Edição: Raul Silva.



A Literatura Brasileira Tem um Vazio — E Ele Tem Nome de Mulher


No Dia Internacional da Mulher, enquanto o mundo celebra conquistas femininas, o podcast Teoria Literária faz uma pergunta incômoda: quantas escritoras brasileiras você consegue citar além de Clarice Lispector e Cecília Meireles? A resposta, para a maioria, é poucas — ou nenhuma. Não por acaso, mas por um apagamento sistemático que excluiu mulheres, especialmente negras e pobres, da construção do cânone literário nacional.


No episódio "Vozes Apagadas: As Escritoras que o Brasil Esqueceu", disponível a partir de hoje no site do podcast, YouTube e principais plataformas de áudio, o apresentador Raul Silva mergulha em arquivos empoeirados, diários proibidos e romances censurados para resgatar cinco autoras cujas obras foram silenciadas por séculos.


Quem São Elas? Conheça as Escritoras que Desafiaram o Esquecimento


Maria Firmina
Maria Firmina
Maria Firmina dos Reis: A Mãe da Literatura Abolicionista

Nascida no Maranhão em 1822, Maria Firmina foi a primeira romancista negra do Brasil. Seu livro "Úrsula" (1859) é um marco: antecipou o abolicionismo literário em décadas, dando voz a personagens escravizados como Susana, uma africana idosa que narra o horror do navio negreiro. A obra, ignorada pela crítica da época, só foi redescoberta nos anos 1970. Firmina também fundou a primeira escola mista e racialmente inclusiva do país, em 1880.


"Enquanto José de Alencar idealizava indígenas românticos, Maria Firmina denunciava o tronco. Mas quem virou leitura obrigatória foi ele. Até quando?"



Júlia Lopes de Almeida: A Excluída da Própria Academia

Uma das mentes por trás da criação da Academia Brasileira de Letras (ABL), em 1897, Júlia foi apagada da lista de fundadores por ser mulher. Seu lugar foi ocupado pelo marido, Filinto de Almeida. Autora de "A Falência" (1901), romance que critica o capitalismo e a hipocrisia burguesa, Júlia também defendeu o divórcio e a ecologia em artigos visionários. Sua obra, comparada a Machado de Assis, só começou a ser resgatada nos anos 2000.


Dado impactante: A ABL só elegeu uma mulher 80 anos depois: Rachel de Queiroz, em 1977.






Carolina Maria de Jesus: A Catadora de Lixo que Chocou o Mundo

Autora de "Quarto de Despejo" (1960), diário escrito na favela do Canindé, Carolina expôs a fome e o racismo com uma crueza que a elite literária rejeitou. O livro vendeu 100 mil cópias em uma semana e foi traduzido para 14 idiomas, mas foi taxado de "literatura menor". Morreu na obscuridade em 1977, mas hoje é símbolo da resistência periférica.


"Enquanto a elite discutia tropicalismo, Carolina escrevia: ‘Vendi papel para comprar feijão’. Sua literatura era sobreviver."







Narcisa Amália e Auta de Souza: As Poetas que o Simbolismo Apagou


Narcisa Amália, jornalista pioneira e autora de "Nebulosas" (1872), foi ridicularizada como "histeria poética". Auta de Souza, poetisa mística do RN, teve cartas queimadas pela família para "preservar sua pureza". Ambas escreveram sobre dor e espiritualidade em versos comparados a Cruz e Sousa, mas foram apagadas por serem mulheres e nordestinas.


"Eu quero a luz que não se apaga, / A água que a sede não devora..."


O Episódio: Uma Jornada Sonora pela Memória


Dividido em sete atos, o episódio combina rigor histórico e emoção. Na Parte 2, Raul Silva detalha como a educação negada e os pseudônimos masculinos apagaram gerações de escritoras. Nas partes seguintes, biografias são entremeadas com:


  • Trechos dramáticos das obras, narrados por vozes femininas.

  • Trilha especial com musicas de Chiquinha Gonzaga outra mulher extremamente importante na cultura brasileira..

  • Trilha original com piano, cordas e tambores africanos, composta para refletir luta e esperança.


Chiquinha Gonzaga
Chiquinha Gonzaga

Chiquinha Gonzaga, reconhecida por suas composições de grande sucesso, especialmente impulsionadas pela popularidade nos teatros de revista, Chiquinha Gonzaga enfrentou graves abusos na exploração de suas obras. Diante dessa realidade, ela decidiu pioneiramente criar, em 1917, a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT), instituição pioneira na defesa e gestão de direitos autorais no Brasil.


"Essas mulheres não são ‘curiosidades’. São faróis. E o 8 de março nos lembra: quantas outras histórias ainda estão nas sombras?"










Por Que Ouvir Este Episódio no Dia 8 de Março?


  • Para reparar: Apenas 30% dos autores publicados no Brasil são mulheres, e só 4% são negras.

  • Para agir: O episódio indica projetos como "Escritoras Esquecidas" (UFMG) e editoras que resgatam obras femininas.

  • Para inspirar-se: Como diz Carolina Maria de Jesus, "enquanto a gente tem voz, a fome da alma não mata".


Como Acessar?


O episódio "Vozes Apagadas: As Escritoras que o Brasil Esqueceu" está disponível:



Neste 8 de março, o desafio do Teoria Literária é claro: ler mulheres esquecidas é revolucionário. Afinal, como Maria Firmina provou em 1859, a caneta pode ser mais afiada que o chicote. Ouça, compartilhe e deixe-se guiar por essas vozes que insistem em ecoar.


Clique aqui para ouvir agora e faça do Dia da Mulher um ato de memória.


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